Robôs carregam as bagagens do hóspede no lugar de mensageiros; máquinas preparam e assam pizzas sem a necessidade do tradicional pizzaiolo; turistas fazem a reserva do hotel e compram passagens aéreas com a intermediação de um assistente virtual; passageiros fazem check in, pesam e despacham sua bagagem através de um totem digital… Essa seria uma cena de um filme ficcional ou a realidade que nos aguarda nos próximos anos?
A partir dessa provocação, o grupo Labor Movens, vinculado ao Centro de Excelência em Turismo da Universidade de Brasília (UnB), apresenta a 3ª edição do Seminário Virtual “Perspectivas Críticas sobre o Trabalho no Turismo”, cujo tema é “O futuro do trabalho no turismo”.
O objetivo principal da edição é refletir sobre as tendências do futuro do trabalho no turismo, tendo em vista os avanços tecnológicos da indústria 4.0 e o contexto de desregulamentação das relações de trabalho.
Não sabemos, é claro, se viveremos uma enorme distopia no mundo da hospitalidade e do turismo. Certeza temos é que o capital não mede e não medirá esforços para intensificar o trabalho dos trabalhadores através do investimento em tecnologia, com vistas à redução de custos e extração de mais-valor. Ao contrário do que pode se imaginar, a tecnologia é acionada nos mais diversos setores produtivos, tanto para aumentar o ritmo de trabalho, como para controlar a classe trabalhadora.
Também não devemos perder de vista que a definição e a intensificação das jornadas de trabalho são, historicamente, resultado direto da tensão entre classe burguesa e trabalhadora. E aí está a importância da organização dos(as) trabalhadores(as) do turismo e do fortalecimento da categoria. Também reside aí a importância de pautarmos este e outros assuntos no ensino universitário e nos eventos acadêmicos de turismo, sem nos deixarmos iludir pelas armadilhas do mercado.
Mais uma vez, desejamos que o seminário seja um importante espaço para reflexão entre todos(as) interessados(as). Que possamos ultrapassar os muros que cercam as universidades e que essas reflexões alcancem, também e especialmente, os(as) trabalhadores(as) que fazem o turismo acontecer neste país.
Angela Teberga
Universidade de Brasília
Thiago Sebastiano de Melo
Universidade de Brasília